Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC3.17 - ESTUDOS DE MORBI MORTALIDADE: TENDENCIAS E ASSOCIAÇÕES

42288 - MORTALIDADE MATERNA E DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM PERNAMBUCO
ANDRÉA KARLA ALVES DE LIMA - HUOC/ UPE, SANDRA VALONGUEIRO ALVES - UFPE


Apresentação/Introdução
A mortalidade materna é uma violação dos direitos humanos das mulheres e um importante indicador da qualidade de vida de uma população. Apesar da redução da RMM no Brasil nas últimas décadas, esta se mantém elevada quando comparada aos países desenvolvidos. Em Pernambuco observa-se crescimento das causas obstétricas indiretas, em especial das mortes maternas por doenças cardiovasculares (DCV).

Objetivos
Analisar as mortes maternas por doenças cardiovasculares em Pernambuco, nos triênios 2004 a 2006 e 2014 a 2016.

Metodologia
Este é um estudo descritivo que analisou as mortes maternas (precoces e tardias) de mulheres residentes em Pernambuco, nos triênios 2004 a 2006 e 2014 a 2016, tendo como foco as doenças cardiovasculares. Utilizou-se como fontes: o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM-Web) e Fichas de Investigação de Morte Materna, investigadas e discutidas pelos Grupos Técnicos dos Comitês de Mortalidade Materna e disponibilizadas pela Secretaria Estadual de Saúde/PE. Foram analisadas causas básicas e associadas às DCV (Parte I da Declaração de óbito - DO) e causas contribuintes (Parte II da DO), segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde.

Resultados
Registraram-se 635 óbitos maternos nos períodos (RMM de 72,1/100.000 NV), 67 (10,5%) por DCV. A maioria entre mulheres negras (77,6%), com 30 a 39 anos (42%), até 7 anos de estudo (61,2%), solteiras/sem companheiro (56,7%), com 4 ou mais gestações (41,8%). Pré-natal realizado por 80,6%, com relatos de morbidade prévia (48,1%) e 50% fizeram PNAR. Os óbitos ocorreram em geral no puerpério precoce (40,3%), sendo 56,7% classificados como evitáveis. A principal causa básica de óbito: “doenças do aparelho circulatório complicando a gravidez, parto e puerpério” (56,7%), tendo como causas associadas EAP, HAS e IAM. A inclusão das causas associadas levou a um incremento de 23,9% nas causas por DCV.

Conclusões/Considerações
Os achados revelam mudança na distribuição das causas maternas; ligeiro aumento da idade materna ao morrer; a necessidade de analisar todas as causas de óbito registradas na DO, básica e associadas; importância da investigação e análise das mortes maternas tardias; reforçam a necessidade de priorização de políticas públicas para o novo perfil de MM e reafirmam a importância do controle social, considerando que a maioria poderia ter sido evitada.