Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC3.15 - SAÚDE DO IDOSO: DEMANDAS E DESAFIOS PARA A PRODUÇÃO DE CUIDADO

38281 - EFETIVIDADE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA DIMINUI A FORÇA DE ASSOCIAÇÃO ENTRE FRAGILIDADE E HOSPITALIZAÇÃO EM IDADES MAIS VELHAS: EVIDÊNCIAS DO ELSI-BRASIL
SILVIA LANZIOTTI AZEVEDO SILVA - UFJF, JAMES MACINKO - UCLA, MARIA FERNANDA LIMA-COSTA - NESPE, JULIANA LUSTOSA TORRES - UFMG


Apresentação/Introdução
A fragilidade é uma síndrome multidimensional que eleva os gastos em saúde para os usuários e para o governo, uma vez que há um aumento da demanda por serviços de saúde, incluindo maiores taxas de hospitalização. Entretanto, poucos estudos analisaram diretamente se uma atenção primária à saúde mais efetiva modifica a associação entre fragilidade e hospitalização.

Objetivos
O objetivo deste estudo foi avaliar se uma Atenção Primária à Saúde (APS) mais efetiva, considerando seus atributos e funções (primeiro contato, longitudinalidade, comunicação e coordenação) modifica a associação entre fragilidade e hospitalização.

Metodologia
Trata-se de um estudo transversal com dados da onda 2 do Estudo Longitudinal da Saúde do Idoso (ELSI-Brasil), um estudo representativo com adultos mais velhos com 50 anos e mais, conduzido entre 2019-21. O desfecho foi a hospitalização foi autorrelatada, considerando pelo menos uma admissão hospitalar nos últimos 12 meses. A fragilidade foi avaliada por 5 critérios fenotípicos: perda de peso, exaustão, baixa atividade física, fraqueza e lentidão da marcha. O índice de efetividade da APS incluiu 12 indicadores de atributos e funções de forma contínua. A análise estatística foi baseada em modelos ajustados de regressão logística, considerando o modelo de utilização de serviços de Andersen.

Resultados
Dentre os 7.436 participantes, a fragilidade (odds ratio [OR] 2,17; intervalo de confiança de 95% [IC 95%] 1,31-3,62) e o índice de efetividade da APS (OR 1,10; IC 95% 1,03-1,16) foram positivamente associados à hospitalização. A interação mostrou que a associação com a efetividade da APS é diferente nos frágeis (OR 0,80; IC 95% 0,65-0,99). Após a estratificação pela fragilidade, a associação positiva com a hospitalização permaneceu significativa somente entre os indivíduos pré e não-frágeis. A probabilidade de hospitalização tendeu a diminuir com o aumento do índice de efetividade da APS entre os frágeis, permanecendo similar aos demais grupos nos maiores valores do índice de efetividade.

Conclusões/Considerações
A APS efetiva exerce um papel fundamental para evitar hospitalizações nos indivíduos frágeis. Intervenções para retardar ou prevenir a fragilidade deveriam ser encorajadas na APS, juntamente com políticas públicas para o fortalecimento dos serviços de APS objetivando o exercício de seus atributos e funções. Desta forma, programas que valorizem os profissionais da saúde e a colaboração interprofissional são urgentemente necessários.