Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC3.12 - PLANEJAMENTO, GESTÃO PÚBLICA E PROCESSOS DE PRIVATIZAÇÃO

41500 - NOVAS CONFIGURAÇÕES DOS INTERESSES PRIVADOS NO SUS: EXPANSÃO DE CLÍNICAS POPULARES NA CONCEPÇÃO DE GESTORES E TRABALHADORES DA SAÚDE
REGIMARINA SOARES REIS - FIOCRUZ, MARIA TERESA SEABRA SOARES DE BRITTO E ALVES - UFMA, BRUNO LUCIANO CARNEIRO ALVES DE OLIVEIRA - UFMA, RUTH HELENA DE SOUZA BRITTO FERREIRA DE CARVALHO - UFMA, JUDITH RAFAELLE OLIVEIRA PINHO - UFMA


Apresentação/Introdução
O setor privado vem diversificando seus modelos de negócio na saúde, de modo que possa se beneficiar mesmo em tempos de recessão. As chamadas Clínicas Populares de Saúde (CPS) são uma das suas expressões e estão em franca difusão. Atuam a partir de preços mais baixos do que os tradicionalmente praticados, com foco na “gente sem plano de saúde e cansada das filas dos postos públicos”(JURCA, 2018).

Objetivos
Analisar a percepção de trabalhadores e gestores de saúde, públicos e privados, de um Estado do Nordeste Brasileiro, acerca da atuação das CPS no atendimento ambulatorial de assistência à saúde.

Metodologia
Estudo qualitativo realizado no Maranhão no período de dezembro de 2018 a setembro de 2019. Integra a pesquisa “Como a atual crise reconfigura o sistema de saúde no Brasil? Um estudo sobre serviços e força de trabalho em saúde nos estados de São Paulo e Maranhão”. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas com amostra intencional, por saturação, de 22 entrevistados da capital e do interior do estado (trabalhadores da saúde, formuladores de políticas, gestores hospitalares). O discursos foram submetidos à análise de conteúdo por categorias temáticas.

Resultados
Reconfiguração do mercado privado visa ocupar o espaço entre o SUS e os planos de saúde. Desfinanciamento do SUS, precarização da vida e a baixa cobertura de planos privados de saúde favorecem a atuação das CPS. Estas funcionam com preço popular, consultas rápidas e pagamento por desembolso direto. Marketing centrado na fidelização; em preços baixos; no acesso facilitado a exames e especialidades; e no discurso das CPS como alternativa às fragilidades do SUS. CPS atuam em modelo assistencial biologicista e uniprofissional, e parecem represar demandas da APS, assim como ter reflexos na regulação de consultas e exames no SUS.

Conclusões/Considerações
Itinerários terapêuticos via CPS expressam o tensionamento entre saúde-doença, busca por cuidado e resposta dos serviços, em uma lógica que nega a concepção ampliada de saúde, a racionalidade do sistema organizado em Redes, e as necessidades de saúde como estruturantes da atenção. É necessário analisar esse fenômeno crescente que ignora a tríade universalidade/integralidade/equidade, e se aproxima do princípios da Cobertura Universal de Saúde.