21/11/2022 - 13:10 - 14:40 CC3.7 - SAÚDE BUCAL E OS DESAFIOS DA INCLUSÃO NA CONSTRUÇÃO DA INTEGRALIDADE |
40557 - A MORBIMORTALIDADE DE NEOPLASIA BUCAL ENTRE INDÍGENAS ALDEADOS: UM OLHAR A PARTIR DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA LUCAS FERNANDO RODRIGUES DOS SANTOS - IAM - FIOCRUZ PE, ISLLANY KARINE SANTOS DA SILVA - UPE, RAFAEL DA SILVEIRA MOREIRA - IAM - FIOCRUZ PE E UFPE, HUMBERTO GOMES VIDAL - UPE, HERIKA DE ARRUDA MAURICIO - UPE
Apresentação/Introdução A incorporação de novos hábitos de vida tem ocasionado um processo de transição epidemiológica entre os povos indígenas, no qual as DCNT apresentam indicadores crescentes ao longo do tempo. Nesse contexto, nota-se precariedade nos levantamentos e dados registrados sobre morbimortalidade por neoplasias bucais nessas populações, não permitindo traçar um perfil epidemiológico nacional representativo.
Objetivos Analisar a ocorrência de casos e óbitos por câncer de boca registrados para a população indígena aldeada, entre 2010 e 2019, no Brasil.
Metodologia Estudo ecológico de desenho misto, com dados do Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI) referentes aos casos e óbitos por câncer bucal (CIDs C00-C06) e respectivas características associadas como: Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) de referência, Polo base, ano de registro, idade e sexo; além de dados demográficos sobre as terras indígenas. Foi realizada uma análise exploratória e descritiva dos dados, tomando como unidade de análise os 34 DSEI, seguida do cálculo das taxas de incidência e mortalidade (por 100 mil habitantes, acumuladas para os anos 2010-2019) para câncer de boca, apresentada em mapas temáticos com o gradiente de intensidade dos indicadores.
Resultados Foram identificados 106 casos de câncer de boca no período de 2010-2019 nos DSEI, com variação atípica em sua distribuição ao longo do tempo. Houve maior frequência de casos entre crianças e adolescentes (40,56%) e adultos (33,01%). As maiores taxas de incidência por 100 mil hab. foram identificadas nos DSEI MG-ES (>50); Xavante, Ceará, Interior Sul e Vilhena (>30); Litoral Sul, Alto Rio Negro, Potiguara e Médio Rio Purus (>25). Foram registrados 21 óbitos, sendo as faixas etárias com maior frequência: 30-59 anos (36,7%) e ≥60 anos (59,09%). As maiores taxas de mortalidade foram identificadas nos DSEI Kaiapó do Mato Grosso, Araguaia e AL-SE (>15); Ceará, Pernambuco e Guamá-Tocantins (>10).
Conclusões/Considerações Destaca-se a expressiva ocorrência de casos entre indígenas menores de 14 anos e de mortalidade entre idosos. Nota-se que a maioria dos DSEI com mais elevada incidência não apresentou elevada mortalidade, sinalizando possíveis desigualdades socioeconômicas, de exposição a fatores de risco, e de acesso oportuno aos serviços de saúde, entre DSEI. Tais achados apontam para a necessidade de estabelecer as causas deste cenário no contexto indígena.
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