Sessão Assíncrona


SA1.5 - SAÚDE, AMBIENTE E SOCIEDADE: MÚLTIPLAS ABORDAGENS (TODOS OS DIAS)

43272 - OCORRÊNCIA DE FEBRE AMARELA EM ÁREAS COM POPULAÇÃO PARCIALMENTE VACINADA, MINAS GERAIS, BRASIL, 2016-2018
FERNANDA CRISTINA DA SILVA LOPES FERREIRA - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA (ENSP), FIOCRUZ, RIO DE JANEIRO, BRAZIL, DANIEL ANTUNES MACIEL VILLELA - PROGRAMA DE COMPUTAÇÃO CIENTÍFICA (PROCC), FIOCRUZ, RIO DE JANEIRO, BRAZIL, LUIZ ANTÔNIO BASTOS CAMACHO - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA (ENSP), FIOCRUZ, RIO DE JANEIRO, BRAZIL


Apresentação/Introdução
A febre amarela é endêmica na África e nas Américas. Apresenta quadro clínico variado, com alta fatalidade. Entre 2016 e 2019 o Brasil registrou mais de 11 mil casos de origem silvestre configurando-se a pior epidemia dos últimos 80 anos. A região Sudeste foi a mais impactada e o estado de Minas Gerais, onde a vacinação (rotina e campanhas) já ocorria há mais de 30 anos, concentrou 30% dos casos.

Objetivos
Analisar a variação espaço-temporal e a intensidade da epidemia em diferentes regiões do estado de Minas Gerais, ao longo do período de 2016 a 2018, considerando a cobertura vacinal pré-existente.

Metodologia
O número efetivo de reprodução (Re), avaliado segundo variação anual e macrorregião de saúde, foi estimado a partir de casos notificados de febre amarela registrados no período de 2016 a 2018 em residentes do estado de Minas Gerais, Brasil. Aplicamos parâmetros da literatura científica da febre amarela em um modelo compartimental, anteriormente proposto, de doenças transmitidas por vetores, que emprega intervalos de tempo de geração da doença, parâmetros vitais do hospedeiro e do vetor e a força de infecção. Uma análise adicional foi avaliar o coeficiente de variação da cobertura vacinal em 2016 em menores de 1 ano, como proxy para aproximação da cobertura vacinal geral no estado.

Resultados
Minas Gerais registrou dois períodos epidêmicos de febre amarela, o primeiro iniciando na SE 51/2016 e na SE 51/2017. Do total de casos notificados (3.304), 72% eram homens entre 30 a 59 anos de idade. Aproximadamente 27% dos casos (905) foram confirmados, e 22% (202) desses indivíduos morreram. O número efetivo de reprodução estimado variou de 2,7 (IC95%: 2,0 – 3,6) a 7,2 (IC 95%: 4,4 – 10,9) nas macrorregiões Oeste e Nordeste, respectivamente. A cobertura vacinal em crianças menores de um ano de idade apresentou heterogeneidade entre os municípios que compõem cada macrorregião de saúde com percentuais abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde.



Conclusões/Considerações
A ocorrência de focos em várias regiões do estado e os valores estimados de Re revelaram a vulnerabilidade às epizootias em uma população parcialmente vacinada. Além disso, a segunda onda, um ano após a primeira, mostrou a deficiência nas ações de imunização, que determinarem valores mais baixos de Re, mas não impediu novos casos e mortes. Maiores esforços devem se concentrar na vigilância das epizootias e vacinação de 100% da população.