Sessão Assíncrona


SA1.5 - SAÚDE, AMBIENTE E SOCIEDADE: MÚLTIPLAS ABORDAGENS (TODOS OS DIAS)

40865 - MUDANÇAS NA PREVALÊNCIA DE SINTOMAS GRAVES DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO EM MANAUS, AMAZONAS: ANÁLISE DE DOIS ESTUDOS TRANSVERSAIS DE BASE POPULACIONAL, 2015 E 2019
VANESSA GOMES LIMA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, GUSTAVO MAGNO BALDIN TIGUMAN - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, MARCUS TOLENTINO SILVA - UNIVERSIDADE DE SOROCABA, TAÍS FREIRE GALVÃO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS


Apresentação/Introdução
A carga de distúrbios afetivos, como ansiedade e depressão, tem crescido globalmente. Desde 2015, o Brasil enfrenta crescimento nas taxas de desemprego e desigualdade de renda, além de redução de investimentos governamentais em saúde devido a políticas de austeridade, o que potencialmente impactou na saúde mental da população, especialmente em regiões mais vulneráveis, como a Amazônia brasileira.

Objetivos
O objetivo deste estudo foi estimar as mudanças na prevalência de sintomas graves de ansiedade e depressão entre 2015 e 2019 e seus fatores associados em adultos residentes em Manaus, Amazonas.

Metodologia
Análise de dois estudos transversais de base populacional conduzidos em Manaus em 2015 e 2019. Indivíduos adultos (≥18 anos) foram selecionados por amostragem probabilística realizada em três estágios. O desfecho foi a mudança nos sintomas graves de ansiedade (avaliados pelo GAD-7 com ponto de corte ≥15) e de depressão (medidos pelo PHQ-9 com ponto de corte ≥20) entre os dois períodos. A variação das frequências foi avaliada pelo teste do qui-quadrado goodness-of-fit. As razões de prevalência (RP) com intervalos de confiança de 95% (IC95%) foram calculadas por regressão de Poisson com variância robusta. Variáveis com p<0,20 na análise bivariada foram incluídas na análise ajustada.

Resultados
Foram incluídos 3.479 participantes em 2015 e 2.321 em 2019. Sintomas graves de ansiedade passaram de 3,7% (IC95% 3,0-4,4) em 2015 para 9,4% (IC95% 8,2-10,7) em 2019; sintomas depressivos graves foram de 3,0% (IC95% 2,4-3,6) para 9,1% (IC95% 7,8-10,3). As variações foram mais pronunciadas em pessoas socialmente vulneráveis (p<0,05). Sintomas de ansiedade grave foram maiores em mulheres (RP=1,99; IC95% 1,54-2,57), pessoas da classe C (RP=1,69; IC95% 1,09-2,64) e com piores estados de saúde (p<0,05), mas menores em trabalhadores informais (RP=0,65; IC95% 0,46-0,93). Sintomas depressivos graves foram maiores em mulheres (RP=2,18; IC95% 1,67-2,85) e pessoas com piores estados de saúde (p<0,05).

Conclusões/Considerações
Sintomas graves de ansiedade foram encontrados em 4 a cada 100 habitantes de Manaus em 2015, aumentando para 10 a cada 100 em 2019. Este aumento também foi observado em sintomas graves de depressão, que triplicaram no período. As variações nos sintomas foram mais pronunciadas em indivíduos socioeconomicamente vulneráveis, indicando a existência de iniquidades sociais em distúrbios mentais na região.