Sessão Assíncrona


SA1.3 - SAÚDE, AMBIENTE, SOCIEDADE E NUTRIÇÃO (TODOS OS DIAS)

39762 - O ATO DE COZINHAR: SENTIDOS E (RES)SIGNIFICAÇÕES NO COTIDIANO PANDÊMICO
LIGIA AMPARO-SANTOS - UFBA, URSULA VERTHEIN - UNIVERSITAT OBERTA DE CATALUNYA, AMÉLIA BORBA COSTA REIS - UFRB, JOÃO PAULO DE OLIVEIRA RIGAUD - UFBA, MARIA CRISTINA ESPÍRITO SANTO ARAÚJO - UFBA, MARIA INÊS SANTOS CAMPINHO - UFBA


Apresentação/Introdução
Este trabalho refere-se a um dos capítulos pertencentes ao livro “Em tempos de isolamento social: entre o corpo, a comida e o cuidado”. No referido capítulo, tratamos sobre as repercussões da pandemia no ato de cozinhar, no que toca novos aprendizados e experiências, além da exacerbação de sensações como fardo e o atravessamento de questões de gênero marcadas nas narrativas dos participantes.


Objetivos
Entender as reconfigurações atribuídas ao ato de cozinhar, durante a pandemia.


Metodologia
A pesquisa que originou o livro faz parte do projeto “Corporalidades, comensalidades e práticas alimentares em tempos de pandemia da Covid-19 no estado da Bahia” (Parecer: 4.090.204/CAE: 31871020.4.0000.5023), iniciada em abril de 2020, por meios digitais de convocatória. O desenvolvimento de grupos focais contou com a participação de pessoas de quatro regiões do Brasil e foram divididos em: GF-BA, com oito pessoas; GF-BR, com cinco pessoas; e GF-NUT, com cinco pessoas. Três sessões, semanais, foram realizadas com cada grupo, com duração de 1h30min cada, por meio de plataformas digitais Google Meet e RNP, em julho de 2020.


Resultados
O material empírico de análise contou com diários de campo e transcrições. Foi observada, a partir das narrativas, uma recorrência na sensação de fardo atribuída ao ato de cozinhar, especialmente em torno do gênero feminino, à vista de mais uma tarefa tida como reprodutiva. Por outro lado, o despontar de ressignificações e do prazer em torno do ato de cozinhar ganhou força, estabelecendo novas configurações de sentido, significado e prática (métodos e técnicas) ao ato. O conforto, acolhimento e promoção da alimentação saudável, por meio da revalorização de alimentos da cultura, como o arroz e o feijão, foi outro elemento que emanou dos discursos.


Conclusões/Considerações
O cozinhar na pandemia traz reconfigurações e rupturas à sua prática. Estas afetaram os padrões do cozinhar cotidiano, por meio de novos métodos e técnicas, como um meio de trazer soluções para uma prática, por vezes prazerosa, mas também exaustiva, que não deve ser naturalizada. O ineditismo da obra é ressaltado pela sua elaboração simultânea à pandemia, o que impactou não somente nos interlocutores, mas em todos os participantes deste trabalho.