Sessão Assíncrona


SA1.1 - SAÚDE E AMBIENTE: AGENTES, PROCESSOS, RESISTÊNCIAS E INSURGÊNCIAS (TODOS OS DIAS)

43903 - SAÚDE E QUESTÃO AGRÁRIA: O QUE O CASO DE UM ASSENTAMENTO PERNAMBUCANO TEM A DESVELAR?
DÉBORA MORGANA SOARES OLIVEIRA DO Ó - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA – UFPE/CAV, ROMÁRIO CORREIA DOS SANTOS - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA – UFBA/ISC, MARIANA OLÍVIA SANTANA DOS SANTOS - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO – IAM/FIOCRUZ-PE, IDÊ GOMES DANTAS GURGEL - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO – IAM/FIOCRUZ-PE


Apresentação/Introdução
A questão agrária possui desafios políticos e socioeconômicos, que geram retrocessos à vivência dos campesinos suscitando um contexto de insegurança a estes. Um cenário que garanta os direitos agregados à posse das terras é requerido através de luta para que alcancem a autonomia da produção agrícola em seus territórios e que os níveis de saúde das comunidades consequentemente possam ser elevados.

Objetivos
Evidenciar a problemática da questão agrária e suas interferências na saúde dos campesinos em um assentamento de reforma agrária pernambucano.

Metodologia
Trata-se de um estudo de caso único, descritivo, transversal, de abordagem qualitativa. A pesquisa foi construída entre outubro e dezembro de 2020 em um assentamento da reforma agrária, na região metropolitana do Recife-PE. A população participante foi composta por onze camponesas, maiores de 18 anos, que residiam no território a pelo menos um ano. A coleta de dados foi fundamentada na realização de um grupo focal com as camponesas, utilizando um roteiro semiestruturado elaborado pelos autores, bem como pelo diário de campo. A análise dos dados foi realizada por meio do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), com auxílio do DSCsoft 2.0. A pesquisa foi aprovada sob CAAE 29174620.4.0000.5190.

Resultados
As campesinas trouxeram Ideias Centrais (IC) que consolidam o percurso das lutas para conquistar as terras que residem e a burocracia da posse, processo desgastante que ao decorrer da coleta de dados foi percebido como fator adoecedor para este povo. A IC 1: “A luta como único caminho para conquista das terras”, demonstra a constante ação das populações do campo para a garantir direitos. Tal realidade só se faz necessária porque os governos possuem deveres relacionados à instituição de políticas e programas de reforma agrária que na prática são negligenciados. “A questão da posse da terra” (IC 2) é vista como uma ameaça ao bem viver e deve ser tratada como um obstáculo para a saúde pública.

Conclusões/Considerações
A questão agrária gera grande concentração fundiária e favorece em demasia o agronegócio, colocando em risco a estruturação autônoma das terras para a agricultura familiar e dificultando a busca pela soberania alimentar. Esses fatores trazem ao campo e a cidade níveis de saúde insatisfatórios além de ceifar a possibilidade de ascensão social dos campesinos a partir do que produzem.