Sessão Assíncrona


SA1.1 - SAÚDE E AMBIENTE: AGENTES, PROCESSOS, RESISTÊNCIAS E INSURGÊNCIAS (TODOS OS DIAS)

43846 - REGISTRANDO CONTEXTOS DE VULNERABILIDADE EXPERIENCIADOS PELOS ENTREVISTADORES DE UM INQUÉRITO EPIDEMIOLÓGICO COM TRABALHADORES/AS DA PESCA ARTESANAL
RAFAELLA MIRANDA MACHADO - FIOCRUZ/PE, JOSÉ ERIVALDO GONÇALVES - FIOCRUZ/PE, ANA CATARINA LEITE VÉRAS MEDEIROS - FIOCRUZ/PE, MARIANA OLÍVIA SANTANA DOS SANTOS - FIOCRUZ/PE, IDÊ GOMES DANTAS GURGEL - FIOCRUZ/PE, ANTONIA MANUELA GONÇALVES CEZAR DE LIMA - FIOCRUZ/PE, MARIANA LEOPOLDINO DA SILVA - FIOCRUZ/PE, CARLOS HENRIQUE DE VASCONCELOS NASCIMENTO - FIOCRUZ/PE, MIRELLE STÉPHANIE PEREIRA DOS SANTOS - FIOCRUZ/PE


Apresentação/Introdução
Em situações de desastres e eventos críticos é fundamental conhecer a realidade e as repercussões no contexto das pessoas envolvidas. Assim, em 2021 iniciou-se um inquérito epidemiológico, sobre o desastre do petróleo ocorrido em 2019 e a pandemia de Covid-19. Percebeu-se a relevância de registrar os contextos de vulnerabilidades experienciados pela equipe, utilizando-se o diário de campo.


Objetivos
Analisar os diários de campo da equipe de um inquérito epidemiológico nos territórios de pesca artesanal da região metropolitana do litoral Pernambucano, relacionada ao derramamento de petróleo ocorrido em 2019 e ao contexto da Covid-19.



Metodologia
A análise partiu dos diários de campo, instrumento semi-estruturado debatido e construído pela equipe de pesquisa “Desastre do Petróleo e Saúde dos Povos da Águas” vinculada ao Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho, da Fiocruz Pernambuco. Esses diários eram preenchidos após cada município, pelos entrevistadores do inquérito, favorecendo a ativação da memória e o registro. Foram contemplados os olhares acerca de seis colônias/associações de pescadores, em quatro municípios do litoral metropolitano de Pernambuco. Os relatos foram escritos entre os meses de fevereiro e abril de 2022, a partir da realização de 136 questionários com trabalhadores/as da pesca artesanal.


Resultados
Nota-se que a população de estudo possui poucos anos de estudo, as mulheres são as que mais se interessam em participar e que muitos entrevistados não possuem registro profissional de pesca, dificultando o reconhecimento de seus direitos. A partir dos relatos analisados observa-se sofreram prejuízos à sua saúde mental, problemas financeiros diante da impossibilidade das vendas de seus produtos devido a veiculação midiática sobre a contaminação dos pescados, e a poluição dos locais de pesca mesmo antes do desastre. Ainda, revela-se que uma boa atuação política das lideranças das colônias/associações facilita o próprio engajamento político dos associados, favorecendo sua luta por direitos.



Conclusões/Considerações
Os diários de campo demonstram como as experiências do trabalho de campo, a interação com a população de estudo e o contato com a atuação das lideranças frente à pesquisa contribuem para a apreensão de informações valiosas que extrapolam os limites das estruturas dos questionários. E, como podem auxiliar em uma aproximação mais real com o contexto de vida e as necessidades de reparação que possuem os pescadores artesanais atingidos pelo desastre.