SA1.1 - SAÚDE E AMBIENTE: AGENTES, PROCESSOS, RESISTÊNCIAS E INSURGÊNCIAS (TODOS OS DIAS)
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40793 - DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO BRUTO NO LITORAL DO ESTADO DA BAHIA-BRASIL: UM ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO TRANSVERSAL COM PESCADORES ARTESANAIS LOUISE OLIVEIRA RAMOS MACHADO - UFRJ / UFBA, LUIZE DA SILVA REZENDE DA MOTA - UFBA, FRANCIE SENTILLES, B.S.P.H. - UNC-CHAPEL HILL, VERÔNICA MARIA CADENA LIMA - UFBA, RITA DE CÁSSIA FRANCO RÊGO - UFBA, ARMANDO MEYER - UFRJ, LARISSA REIS SOUSA SANTOS - UFBA, ARTUR DE CARVALHO SANTANA - UFBA
Apresentação/Introdução O desastre do derramamento de óleo bruto iniciado em 2019 é considerado o maior da história do Brasil. Mais de 5 mil toneladas de resíduos oleados foram retirados das praias, manguezais e recifes. Os pescadores foram duramente impactados, tanto pelo envolvimento nas tarefas de retirada dos resíduos, levando à exposição a substâncias tóxicas, quanto pelo impacto direto da realização da atividade laboral.
Objetivos Descrever o perfil dos pescadores artesanais afetados pelo derramamento do petróleo no litoral do Bahia.
Metodologia Os participantes foram recrutados a partir de listas de indivíduos cadastrados no sistema de informação de Reservas Extrativistas ou Associações de pescadores. As entrevistas foram realizadas entre janeiro e novembro de 2021 a pescadores residentes nos municípios baianos de Prado, Canavieiras, Belmonte, Una, Conde e Cairu, na BA. Foram coletadas informações sobre atividades relacionadas ao derramamento, dados demográficos, consumo de pescado, qualidade de vida (SF36-V2), estilo de vida e saúde, além de informações sobre COVID-19. Medidas antropométricas e sintomas experimentados durante o derramamento de óleo também foram registrados.
Resultados Novecentos e cinquenta e nove indivíduos responderam ao questionário epidemiológico. A maioria dos participantes é do sexo feminino (56,77%) , da raça/cor preta/parda (84.88%), com escolaridade 1º grau completo/incompleto (33,68%), idade entre 38 e 47 anos (31,5%), estado civil amigado ou morando junto (37,08%) . A maioria dos entrevistados participou da atividade de remoção do petróleo (60,8%); desses, 23,5% receberam treinamento; e 10,63% utilizaram Equipamentos de Proteção Individual. Pararam de trabalhar com a atividade de pesca (85.40%) e 6,99% receberam auxílio financeiro no período do derramamento.
Conclusões/Considerações Os pescadores foram fundamentais no processo de remoção do petróleo e proteção de áreas costeiras. A maioria realizou a atividade de forma voluntária, sem treinamento e sem o uso de EPI. A cadeia da pesca foi duramente afetada durante o desastre, ocasionando perda de renda e insegurança alimentar, principalmente aos pescadores artesanais. A maioria dos pescadores não recebeu o auxílio emergencial “do óleo”, ao qual tinham direito.
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