SA1.1 - SAÚDE E AMBIENTE: AGENTES, PROCESSOS, RESISTÊNCIAS E INSURGÊNCIAS (TODOS OS DIAS)
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39531 - TERRITÓRIO E SAÚDE: PERCEPÇÃO DE MUDANÇAS DA COMUNIDADE INDÍGENA NAMBIKWARA DA TERRA INDÍGENA (T.I.) TIRECATINGA
THYAGO MUNOZ DE FREITAS - UFMT, APARECIDA FÁTIMA CAMILA REIS - UFMT, MONALISA ROCHA DE CAMPOS CHAVES - UFMT, KESLEY GABRIEL BEZERRA COUTINHO - UFMT, MÁRCIA LEOPOLDINA MONTANARI CORREA - UFMT, HAYA DEL BEL - UFMT, MARCOS AURÉLIO DA SILVA - UFMT, SILVIA ÂNGELA GUGELMIN - UFMT
Apresentação/Introdução
O conceito de terra indígena geralmente está associado ao processo político-jurídico conduzido pelo Estado e, mesmo que na legislação se defina espaços tradicionalmente ocupados pelos indígenas, na prática se limita a um espaço físico delimitado. A TI Tirecatinga encontra-se em estreito limite geográfico com o agronegócio, fato importante na construção das vivências e relações com o território.
Objetivos
O objetivo deste estudo é identificar as noções de terra e território entre indígenas de Tirecatinga e as mudanças ocorridas no decorrer do desenvolvimento do agronegócio na região
Metodologia
Por meio de uma oficina realizada pela equipe do projeto de pesquisa “Do Campo ao Corpo”, aprovado pelo Comitê de Ética da UFMT, foram coligidos dados sobre território e suas mudanças. A atividade foi desenvolvida no município de Poconé, e consistiu de rodas de conversa, mapeamento participativo e palestra com 22 representantes indígenas, dentre eles jovens, adultos e anciãos. A representação do território foi feita por meio de pintura em tecido de forma colaborativa, com a indicação dos limites da T.I. e suas aldeias representados em antes e depois dos processos de intervenção do agronegócio.
Resultados
Para os Nambikwara da TI Tirecatinga, situada no município de Sapezal, um dos maiores produtores de commodities de Mato Grosso, o território estrutura-se pela noção de pertencimento e convivência com sua biodiversidade, de forma simbiótica e sustentável, enquanto a terra indígena está relacionada à sua delimitação jurídica. Essa delimitação trouxe mudanças, entre elas: necessidade de monitoramento do território, subdividindo-se em doze aldeias; redução da interação entre jovens; conflitos geracionais; escassez de alimentos obtidos na coleta; produção mecanizada. Associaram as mudanças à depressão e tentativas de suicídio entre os jovens, ao alcoolismo entre homens e violência contra mulheres.
Conclusões/Considerações
A noção de terra indígena restringe a compreensão dos aspectos socioculturais e históricos envolvidos na concepção de território. O processo de mudança gera diminuição de recursos alimentares, afeta relações sociais e encontra-se na contramão do conceito de território apresentado pela comunidade. É imprescindível a efetivação dos direitos territoriais para os indígenas, mas também da terra como elemento constituinte da saúde desses povos.
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