Sessão Assíncrona


SA1.1 - SAÚDE E AMBIENTE: AGENTES, PROCESSOS, RESISTÊNCIAS E INSURGÊNCIAS (TODOS OS DIAS)

39386 - PROCESSO DE TERRITORIALIZAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA SAÚDE INDÍGENA
JÚLIA IRENO DI FLORA - UPE - CAMPUS GARANHUNS, LORENA CORREIA LEAL ROCHA - UPE - CAMPUS GARANHUNS, MARCELA DE FÁTIMA LEMOS TAVARES - UPE - CAMPUS GARANHUNS, NATHÁLIA SOARES DE SOUZA - UPE - CAMPUS GARANHUNS


Período de Realização
Experiência em curso, iniciada em abril de 2022, com previsão de finalização em agosto de 2022.

Objeto da experiência
Processo de territorialização na Aldeia Fulni-ô, no contexto da residência em Saúde Coletiva com Ênfase em Agroecologia da Universidade de Pernambuco.


Objetivos
Apresentar reflexões críticas acerca do processo de territorialização - isto é, o reconhecimento territorial a partir de um diagnóstico da situação de saúde e condições de vida - realizado por residentes em saúde coletiva na Aldeia Fulni-ô.


Metodologia
Elaboração e validação do instrumento de coleta de dados com os Conselho Indígenas de Saúde e equipes de Saúde da Família (eSF). Visitas aos domicílios na companhia do Agentes Indígenas de Saúde (AIS) e aplicação de questionário semi-estruturado. Visitas aos equipamentos sociais. Produção de mapa da comunidade com auxílio do software Google Earth Pro e registro das localizações no epi-info. Observação de campo e registro em diário.


Resultados
Dentre os elementos que atravessam os processos de saúde-doença no território, evidenciam-se: a centralidade da espiritualidade; a manutenção da tradição mediada pela preservação do idioma; os conflitos e tensões internas; a ameaça do modo de vida comunitário com o avanço do capitalismo neoliberal; o trabalho informal e o racismo ambiental expresso na contaminação da água e na ineficiência do saneamento básico.


Análise Crítica
A territorialização envolve adentrar um território sem ser convidada. Os AIS, profissionais e sujeitos do território, atuaram como mediadores, tradutores e potencializadores do nosso vínculo com a comunidade ao nos permitir acessar as sutilezas dos ditos e não ditos. Por vezes, o instrumento foi dispensado e nos abrimos para a conversa. Esse potencial é prejudicado quando o fazer da eSF é orientado por metas que reforçam o modelo biomédico e dificultam ações territoriais de prevenção e promoção.


Conclusões e/ou Recomendações
As várias dimensões da territorialização revelam a importância de articulações intra e intersetoriais para a garantia do acesso e da integralidade em saúde. As residentes assumem um papel relevante de articuladoras e potencializadoras da promoção da saúde e garantia dos direitos da população. A agroecologia se coloca, aqui, como modo de pensar-fazer-existir no território, em direção à mobilização social e à justiça socioambiental e sanitária.