Sessão Assíncrona


SA1.1 - SAÚDE E AMBIENTE: AGENTES, PROCESSOS, RESISTÊNCIAS E INSURGÊNCIAS (TODOS OS DIAS)

38302 - DISPARIDADES NA SOBREVIDA DE MULHERES NEGRAS DIAGNOSTICADAS COM CÂNCER DE MAMA NO BRASIL: UM ESTUDO DE BASE POPULACIONAL RETROSPECTIVO
BEATRIZ FRIZON MACHADO - FCM/UNICAMP, ANA CLAUDIA MARCELINO - FCM/UNICAMP, CASSIO CARDOSO-FILHO - FCM/UNICAMP, MARIA DO CARMO FERREIRA - FCM/UNICAMP, MARILISA BERTI DE AZEVEDO BARROS - FCM/UNICAMP, DIAMA BHADRA VALE - FCM/UNICAMP


Apresentação/Introdução
Análises epidemiológicas apontam disparidades relacionadas à raça no câncer de mama. Em mulheres negras a incidência deste câncer é menor, porém as taxas de mortalidade são mais elevadas. Diferenças na sobrevida são relacionadas a características do tumor e resposta ao tratamento, mas também a dificuldades no acesso, atrasos no diagnóstico e início do tratamento e adesão.

Objetivos
O objetivo desse estudo é analisar a sobrevida no câncer de mama em mulheres de acordo com a raça, em função da idade e estádio ao diagnóstico.

Metodologia
Coorte retrospectiva de base populacional de todas as mulheres diagnosticadas com câncer de mama em Campinas de 2010 a 2014. Raça, status vital e estádio foram acessados pelo registro de câncer de base populacional, sistema de informações de mortalidade e prontuários de serviços públicos e privados (busca ativa). Mulheres com raça declarada preta ou marrom foram agrupadas na mesma categoria. Das 2.715 mulheres foram excluídas as sem registro da raça ou estádio, e as registradas como raça amarela e/ou indígenas. A amostra final foi de 1.740 mulheres. Para análise foram utilizados o teste de Qui-Quadrado, método de Kaplan-Meier e regressão de Cox. CAAE 89399018.2.0000.5404.

Resultados
De 2010 a 2014 foram diagnosticados 218 casos em negras e 1.522 em brancas. Casos diagnosticados nos estádios III e IV foram mais frequentes em negras do que em brancas (43,1% vs. 35,5%, p=0,024). A frequência de casos entre as negras foi maior naquelas com menos de 40 anos (12,4% vs. 8,0%, p=0,031), e nas de 40-49 anos (26,6% vs. 19,6%, p=0,016), e menor nas de 60-69 anos (17.4% vs. 23.8%, p=0.037). A sobrevida global média foi de 7,5 anos (7,0; 8,0) em negras e 8,4 anos (8,2; 8,5) em brancas. A sobrevida global em cinco anos foi de 72,3% nas negras e de 80,5% nas brancas (p=0,001), e o risco de morte foi 1,7 vezes superior nas negras (1,33;2,20).

Conclusões/Considerações
A sobrevida global de câncer de mama em 5 anos foi significativamente menor em mulheres negras do que em mulheres brancas. As mulheres negras foram diagnosticadas com maior frequência nos estágios III/IV, e o risco de morte ajustado por idade foi 1,7 vezes maior. As diferenças no acesso podem explicar essas diferenças.