SA2.3 - DESAFIOS ORGANIZACIONAIS E DAS REDES PARA O SUS (TODOS OS DIAS)
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41183 - APAGANDO FOGO, ENXUGANDO GELO? ANA PAULA NÉRI - PMM, DEIVISSON VIANNA DANTAS DOS SANTOS - UFPR, CLICIE ARRIAS FABRI - UEM, SABRINA STEFANELLO - UFPR, HELVO SLOMP JUNIOR - UFRJ
Apresentação/Introdução A pandemia covid-19 acelerou um processo já em curso de enfraquecimento e retrocesso de diversos processos de trabalho próprios da Atenção Primaria à Saúde (APS). A atenção domiciliar foi um dos aspectos mais atingidos, entretanto a tradição SUS brasileiro continua a construir arranjos que se contrapõe a esta adversidade.
Objetivos Identificar as estratégias utilizadas pelos profissionais de saúde da atenção primaria relacionadas a coordenação do cuidado da atenção domiciliar (AD) durante da Pandemia de Covid-19.
Metodologia Foi uma pesquisa qualitativa, descritiva sobre os processos de trabalho e arranjos organizacionais operados por equipes da APS com o foco na AD. Os participantes foram trabalhadores (enfermeiros e médicos, 8 ao todo) da APS de quatro unidades de saúde do município de Maringá-PR que possuíam maior demanda de casos relacionados a AD de acordo com o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) do município. Também foram entrevistados profissionais (4) deste último serviço durante o 2º semestre de 2021. As entrevistas foram abertas com perguntas disparadoras sobre a temática e a categorização seguiu a hermenêutica gadameriana como referencial teórico.
Resultados Verificou-se que a iniciativa dos profissionais em manter o acesso foi essencial, assim como a flexibilização e adaptação das equipes, para manter a integralidade, uma vez que as equipes, de maneira geral, foram deslocadas para frentes longe da APS na Pandemia. A iniciativa pessoal dos trabalhadores contrastou com as decisões de gestão que deslocaram trabalhadores das unidades, esvaziando a APS e reduzindo os agentes comunitários de saúde em atividade, o que trouxe a dificuldade de acessar o território. Constatou-se a criação e valorização de novos canais comunicação entre as equipes e com a comunidade, que apesar de informal, contribui para tele monitoramento eficaz no domicilio.
Conclusões/Considerações As equipes da APS revelaram a maleabilidade e versatilidade mesmo em situações mais adversas como a pandemia, a despeito de decisões equivocadas da gestão. Demonstra-se a importância de arranjos antes advindos da antiga política nacional de humanização, que mesmo que não sendo o princípio norteador atual do SUS continua vivo na tradição organizativa do sistema, principalmente entre os trabalhadores.
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