Sessão Assíncrona


SA2.3 - DESAFIOS ORGANIZACIONAIS E DAS REDES PARA O SUS (TODOS OS DIAS)

41000 - ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NA REDE DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: UMA ANÁLISE TERRITORIAL
MARIANA RAMALHO RODRIGUES - UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS, EGLÊ ÂNGELA RONSONI - SECRETARIA ESTADUAL DA SAÚDE DO RIO GRANDE DO SUL – SES-RS, LESLIE TUANE PENTEADO CHARQUEIRO - FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE DE CANOAS – FMSC, CAMILA SIMON - UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS, LAURA CECILIA LÓPEZ - UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS


Apresentação/Introdução
A pesquisa tematiza a Atenção Primária à Saúde (APS) como integrante da linha de cuidado às mulheres vítimas de violência. O contexto pandêmico apontou a necessidade de qualificar a identificação das situações de violência doméstica contra a mulher (VDCM) nesse nível de atenção, e, por conseguinte, o atendimento prestado às usuárias.

Objetivos
Analisar as intervenções e linhas de cuidado referentes à prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher a partir da Atenção Primária à Saúde em Canoas/RS, município da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA).

Metodologia
Sob a perspectiva dialética, realizou-se um estudo exploratório, caracterizado pela pesquisa-ação. Foi realizada integração de dados quanti e qualitativos, a fim de comparar a VDCM notificada pela APS ao Sistema Nacional de Agravos de Notificação – SINAN com a expressão dessa questão na Plataforma Institucional do serviço especializado de referência do município, analisando a inserção da porta de entrada do SUS na rede local de enfrentamento à violência doméstica. A discussão e análise foi acrescida pela óptica de quatro trabalhadores da atenção básica, entrevistados por técnica de Grupo Focal. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde Pública do RS em 2021.

Resultados
A APS na rede de enfrentamento a VDCM é marcada por vazios assistenciais, verificados na falta de cobertura de ESF e na ausência de equipes de Núcleo de Apoio de Saúde da Família - NASF, o que converge para que as mulheres em situação de violação recebam cuidados, em sua maioria, na Rede de Urgência e Emergência por motivações graves e agudas. Os profissionais que atuam diretamente com a demanda identificam a potência da ESF pelo trabalho territorial calcado no vínculo profissional-usuária. Limites postos se referem à hierarquização do trabalho coletivo em saúde, à atuação em rede com ausência de articulação e desconhecimento de fluxos e, ainda, à incompletude das equipes de Saúde.

Conclusões/Considerações
A triangulação de métodos demonstrou o incremento da demanda de violência contra a mulher no Setor Saúde concomitante à fragilização da rede especializada de proteção. Aponta-se a necessidade de pactuação de protocolos de identificação das violências implícitas e explícitas, e de fluxos intersetoriais, fomentando as ações em rede junto às equipes de saúde da APS. É imperativo o fortalecimento dos serviços da rede de proteção pelo poder público.