Sessão Assíncrona


SA2.3 - DESAFIOS ORGANIZACIONAIS E DAS REDES PARA O SUS (TODOS OS DIAS)

38921 - PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA, AUXÍLIO EMERGENCIAL E AUXÍLIO BRASIL: POLÍTICAS SOCIAIS, SAÚDE, GÊNERO E VULNERABILIDADES EM UMA FAVELA NO RIO DE JANEIRO
VIVIANE MATTAR VILLELA SALLES - UERJ, ROGERIO LOPES AZIZE - UERJ, RODRIGO DE ARAÚJO MONTEIRO - UFF


Apresentação/Introdução
Em paralelo às mortes evitáveis e ao atraso vacinal, a gestão da pandemia de Covid-19 no Brasil deixa um rastro de aumento da pobreza e da fome, aferido em dados, visto e sentido no cotidiano das interlocutoras desta pesquisa. Nosso olhar se voltou para uma favela carioca, na qual acompanhamos as consequências da instabilidade nas (des)montagens de políticas sociais que insistiam em mudar de nome.

Objetivos
Compreender como mulheres que receberam os benefícios mencionados lidaram com tamanha instabilidade, mirando estratégias, a relação com aplicativos e aparelhos de Estado, a relação entre vulnerabilidade, moralidades, gênero e transferência de renda.

Metodologia
Trata-se de pesquisa qualitativa de inspiração etnográfica, que previa observação participante e entrevistas semiestruturadas. A pandemia exigiu adaptações para observações e interações remotas, com uso do aplicativo WhatsApp. O trabalho de campo presencial foi retomado quando possível, seguindo as indicações de segurança. A pesquisa contou com a participação de dez mulheres que receberam, ou tentaram receber o Auxílio Emergencial e que são beneficiárias do Auxílio Brasil, buscando acompanhar o processo de cadastro, de recebimento, os usos do dinheiro recebido, as exclusões e as estratégias de existência e sobrevivência por elas empregadas, especialmente no que se refere à alimentação.

Resultados
Programas de transferência de renda constituem ferramenta fundamental para a reprodução social, diminuindo ou regulando a vulnerabilidade social em famílias de extrema pobreza. No entanto, essas mesmas políticas sociais podem aumentar e produzir novas vulnerabilidades, ao não considerarem as complexidades de cada contexto e como a incerteza do usuário quanto à permanência em determinada política social. Determinados indivíduos, mais expostos às diversas fragilidades demandam maior atenção e cuidado em torno de determinadas vulnerabilidades, acentuando precariedade, incorporada em seus modos de vida e relações sociais, produzindo novas formas de resistência e de sobreviver.

Conclusões/Considerações
Observamos, que a incerteza quanto à continuidade de recebimento do Auxilio, produziu insegurança em indivíduos antes beneficiários do Bolsa Família e nas equipes responsáveis por sua implementação. Tal insegurança obrigou as participantes da pesquisa a manejar a vida em meio a uma profunda precariedade e vulnerabilidade. Foi necessária a discussão, a partir de uma perspetiva interseccional, sobre as inflexões entre estas políticas sociais.