Sessão Assíncrona


SA2.1 - DESAFIOS NO CUIDADO E NAS POLITICAS PARA POPULAÇÃOES VULNERABILIZADAS (TODOS OS DIAS)

38554 - PARTICIPAÇÃO SOCIAL EM SAÚDE MENTAL: CAMINHOS PARA A RESISTÊNCIA E A RECONSTRUÇÃO
BRUNA ROMANO GOMES - UFRJ, TATIANE THAÍS SANTOS SILVA - UFRJ, OCTAVIO DOMONT DE SERPA JUNIOR - UFRJ


Apresentação/Introdução
As políticas de saúde mental têm sofrido ataques num movimento de contrarreforma. Considerando a participação de usuários e familiares como um dos pilares da luta antimanicomial e aspecto fundamental para o desenvolvimento e consolidação da Reforma Psiquiátrica e da Atenção Psicossocial, voltar nossos olhares para os espaços de participação torna-se essencial para resistir aos avanços contrarreformista

Objetivos
O objetivo deste trabalho é apresentar e discutir aspectos transversais das experiências de usuários de saúde mental em espaços de participação social como possibilidade de resistência, garantindo a continuidade de serviços democráticos

Metodologia
Apresentamos aqui, o recorte de uma pesquisa de doutorado em andamento que tem como principal interesse estudar a experiência de usuários de saúde mental em espaços de participação social. Foram realizadas entrevistas com seis usuários de um serviço de saúde mental no município do Rio de Janeiro. As entrevistas foram transcritas e partindo delas, narrativas foram elaboradas e validadas pelos usuários entrevistados. Após as análises se aprofundarem em cada narrativa, foi se tornando evidente a necessidade de realização de uma análise cruzada das narrativas, possibilitando que emergissem padrões nas narrativas

Resultados
Foram elaboradas três temáticas transversais: 1) A continuidade entre cuidado e participação indica que o modo como estão organizados os serviços convida e legitima os usuários como agentes possibilitando que se reconheçam como seres políticos; 2) Na temática participação a partir do desmonte, as narrativas contam como o desmonte concretizado no decréscimo da qualidade do serviço nos últimos anos impulsionou pessoas que não se interessavam por política a se engajarem em espaços de participação social; 3) Um processo de descentramento de suas próprias questões em direção a coletividade foi fruto da reflexão e discussão nos espaços participativos sobre a realidade vivenciada.

Conclusões/Considerações
Resistir aos avanços contrários aos princípios da Reforma Psiquiátrica é tarefa complexa a ser realizada em múltiplas dimensões: desde as mais amplas até aquelas que se tornam invisíveis no fazer cotidiano. Ajustar as lentes para identificar a resistência que vem acontecendo nos serviços de saúde mental protagonizados por usuários ilumina processos que resistem ao desmonte e indicam aspectos de fortalecimento nos caminhos futuros da saúde mental.