Comunicação Coordenada

24/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC2.4 - DESAFIOS NO CUIDADO E NAS POLITICAS PARA POPULAÇÃOES VULNERABILIZADAS II

41564 - DETERMINANTES SOCIAIS E CONDIÇÕES DE MORADIA DE MULHERES QUILOMBOLAS: UMA ANÁLISE A PARTIR DA COORTE DE 100 MILHÕES DE BRASILEIR@S
EMANUELLE FREITAS GOES - CIDACS-FIOCRUZ/ UBUNTU CENTER-DREXEL/ IYALETA, DANDARA DE OLIVEIRA RAMOS - ISC-UFBA/ CIDACS-FIOCRUZ/ IYALETA, ANDRÊA J.F. FERREIRA - CIDACS-FIOCRUZ/ UBUNTU CENTER-DREXEL/ IYALETA, POLIANA REBOUÇAS - CIDACS-FIOCRUZ, MAURICIO L. BARRETO - CIDACS-FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
As mulheres, compõem o grupo social mais representado entre as pessoas em extrema pobreza, porém esta situação não é homogênea. As Negras e de territórios tradicionais, se encontram em maior desvantagem, mesmo neste contexto, no acesso à saneamento, educação e saúde. A Coorte de 100M, com informações da parcela mais pobre do país, oportuniza analisar as condições de moradia de mulheres quilombolas

Objetivos
Utilizando-se da coorte de 100 milhões de brasileir@s, descrever as condições de moradia de mulheres quilombolas e comparar com as condições prevalente entre as Negras não quilombolas e as Brancas

Metodologia
Estudo descritivo da linha de base da coorte de 100 milhões de brasileir@s (2011-2018). A linha de base da Coorte100M tem origem no Cadastro Único para programas sociais do governo federal. Para o presente estudo foram calculadas as proporções de variáveis relacionadas a condições de moradia (rural x urbano, abastecimento de água, acesso à rede elétrica, e tratamento de esgoto) e escolaridade, comparando-se mulheres quilombolas com as Negras não quilombolas e Brancas, com 18 anos e mais. A análise se baseou nas estimativas das razões de prevalência, com intervalos de confiança de 95%

Resultados
Mulheres quilombolas residem em contextos rurais em maior proporção que as Negras (RP=6,28;IC95% 6,22-6,34) e Brancas (RP=7,58;IC95% 7,51-7,66). E, residem em domicílios sem esgoto tratado em maior proporção que Negras (RP=2,43;IC95% 2,41-2,45) e Brancas (RP=3,72;IC95% 3,68-3,75), sem abastecimento de água por rede pública (vs Negras RP=3,04;IC95% 3,00-3,07 e vs Brancas RP=4,74;IC95% 4,69-4,79) e sem fornecimento de energia elétrica (vs Negras RP=1,91;IC95% 1,85-1,97 e vs Brancas RP=3,89;IC95% 3,78-4,02). Quanto à escolaridade, observou-se maior proporção de mulheres não alfabetizadas entre quilombolas que entre Negras (RP=1,71;IC95% 1,66-1,76) e Brancas (RP=2,30;IC95% 2,25-2,37).

Conclusões/Considerações
A condição de moradia é um importante determinante da saúde. Mesmo em contexto semelhante, as mulheres quilombolas apresentam condições mais desfavoráveis do que as Negras não quilombolas e as Brancas. Assim como as questões de gênero que as vulnerabilizam, a intersecção com o racismo molda as condições de vida das mulheres quilombolas. Políticas públicas precisam considerar o processo sócio-histórico e as interseccionalidades das mulheres