Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC2.3 - DESAFIOS NO CUIDADO E NAS POLITICAS PARA POPULAÇÃOES VULNERABILIZADAS I

42000 - HETEROGENEIDADE E ACESSO: OS SENTIDOS ESTRUTURANTES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O CUIDADO DO CORPO NA RUA
NADJA MARIA SOUZA ARAÚJO - LACES/ICICT/FIOCRUZ, INESITA SOARES DE ARAUJO - ICICT/FIOCRUZ


Apresentação/Introdução
Trazemos ao congresso da Abrasco alguns resultados específicos de uma tese de doutorado defendida em 2021. Trata-se da análise documental e discursiva de portarias, decretos, resoluções e demais documentos que compõem as políticas públicas voltadas para a População em Situação de Rua em dois momentos significativos para as referidas políticas, na sua elaboração e durante a pandemia da Covid-19.

Objetivos
Através de análise documental e discursiva, compreender os sentidos atribuídos pelas políticas públicas voltadas à População em Situação de Rua ao corpo, à saúde e ao cuidado.

Metodologia
Foram analisados 50 documentos. Na primeira fase, da elaboração da política, os documentos foram buscados nos sites oficiais do governo federal. Na segunda fase, da pandemia, os documentos foram acessados a partir do grupo que elaborou o Plano Intersetorial para atendimento à PSR no Distrito Federal.
Separados em blocos, os documentos foram analisados em dois movimentos consecutivos.1) Análise documental, quando foram identificados e classificados, sendo considerados origem, autoria, gênero e vinculações. 2) Análise discursiva, para perceber os sentidos de corpo, saúde e cuidado, consideradas as suas condições de produção, as vozes presentes e as palavras plenas.


Resultados
Os resultados evidenciam os discursos oficias sobre corpo, saúde e cuidado. Heterogeneidade é a principal palavra estruturante dos documentos e referencia a compreensão dos agentes sobre os motivos que levaram pessoas às ruas, de como se posicionam, suas experiências, conhecimento e relações.
Acesso é uma palavra plena de sentido nos documentos que implantam a estratégia dos Consultórios na Rua como oferta de serviços de saúde. Esse acesso tem o objetivo de romper com as barreiras e violências institucionais enfrentadas pelas pessoas quando necessitam de atendimento em saúde.
O corpo surge como espaço da ação da política pública, lugar onde o biopoder é exercido.


Conclusões/Considerações
O corpo que emerge semanticamente nas políticas públicas é responsável pela sua saúde e adoecimento. É sobre essa concepção que age o biopoder, controlando os corpos para que não adoeçam, não parem de trabalhar. As políticas para o atendimento a esse corpo têm como base os sentidos da heterogeneidade e do acesso, demonstrando uma compreensão humanizada do sofrimento da PSR, que não consegue, porém, fugir da perspectiva do exercício do biopoder.