Comunicação Coordenada

23/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC1.7 - SAÚDE, AMBIENTE E SOCIEDADE: INTERFACES ENTRE AS VULNERABILIDADES

42637 - MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AUMENTO DO RISCO DE AVC NO NORTE E SUL DO BRASIL
LETÍCIA DE CASTRO MARTINS FERREIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA - UFJF, CÁSSIA DE CASTRO MARTINS FERREIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA - UFJF, MIKAELA SANTOS MASCARENHAS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA - UFJF, DIEGO DUQUE DA SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA - UFJF, WILLIAM COSSICH MARCIAL DE FARIAS. - UNIVERSIITY OF BOLOGNA, MÁRIO CÍRIO NOGUEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA - UFJF


Apresentação/Introdução
As mudanças climáticas globais propiciam o aumento de dias com temperaturas extremas do ar que afetam o estado de saúde das populações humanas, aumentando a morbimortalidade por calor e frio extremos. Estas variações de temperatura contribuem para a descompensação de doenças cardio e cérebro vasculares, diminuição da qualidade de vida e podem ocasionar óbitos.

Objetivos
Estudar a relação da temperatura do ar com a mortalidade por doenças cerebrovasculares em microrregiões do Norte e do Sul do Brasil no período de 1996 a 2017.

Metodologia
Estudo de séries temporais de microrregiões do Norte do país Manaus e Belém e de duas microrregiões do sul do país Porto Alegre e Curitiba no período de 1996 até 2017. Os dados diários de óbitos por doenças cerebrovasculares (Código I60 a I69, CID 10) foram obtidos do DATASUS. Os dados diários de temperatura média do ar foram obtidos da reanálise ERA-Interim do Centro Europeu de Previsão do Tempo de Médio Prazo. Foram utilizados modelos aditivos generalizados com distribuição de Poisson e os riscos relativos foram estimados com intervalo de confiança de 95% (RR; IC95%) até uma defasagem de 14 dias com modelos DLNM (distributed lag non-linear models).

Resultados
Em relação ao frio extremo o RR foi maior em Manaus (1,53; 1,22-1,91), seguido de Curitiba (1,52; 1,32-1,74) e Porto Alegre (1,28; 1,14-1,43). O frio moderado teve RR de 1,34 (1,11-1,63) em Manaus, 1,31 (1,16-1,47) em Curitiba e 1,16 (1,05-1,28) em Porto Alegre. O calor extremo e moderado foram significativos em Manaus (1,75; 1,35-2,26; e 1,40; 1,14-1,72), e Porto Alegre (1,38; 1,24-1,54; 1,15; 1,05-1,27). Em Belém não foi encontrado aumento de risco de óbito por AVC associado a extremos de temperatura. A temperatura de mortalidade mínima estimada para estas microrregiões foi de 26,9ºC em Manaus, 29,6ºC em Belém, 20,1ºC em Curitiba e 21,6ºC Porto Alegre.

Conclusões/Considerações
Os efeitos das mudanças climáticas contribuem para o aumento de mortes advindas destas temperaturas. Este estudo mostrou um aumento significativo do risco relativo de óbitos por doenças cerebrovasculares em relação a temperaturas do ar extremas nas regiões Norte e Sul do Brasil. Medidas preventivas e de educação em saúde devem ser adotadas para minorar esta situação bem como repensar as causas das mudanças climáticas e atuar para combatê-las.