Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC1.5 - SAÚDE, AMBIENTE E SOCIEDADE: INTERFACES COM A EPIDEMIOLOGIA I

43133 - COVID-19 E OS PERSISTENTES DESAFIOS PARA ALCANCE DO CONTROLE DA HANSENÍASE EM CONTEXTO ENDÊMICO: PERPECTIVAS A PARTIR DE INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS E OPERACIONAIS
KLÉCIA NASCIMENTO MENDES DA SILVA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, ANA CLAUDIA REZENDE BEZERRIL - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, KAIC SANTOS SILVA PEREIRA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, ANDRÉIA ALVES CASTILHANO - FIOCRUZ PROJETO CUIDA CHAGAS, ELIANA AMORIM DE SOUZA - INSTITUTO MULTIDICIPLINAR EM SAÚDE DA UFBA, ANDERSON FUENTES FERREIRA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, ALBERTO NOVAES RAMOS JR. - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, JAQUELINE CARACAS BARBOSA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA, FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ


Apresentação/Introdução
A hanseníase mantém elevada endemicidade e segue como crítico problema de saúde pública em muitas realidades do país, incluindo a região Nordeste. Associada a contextos de vulnerabilidade, tem na atual crise político-institucional, socioeconômica e sanitária pela Covid-19 um desafio ainda maior. A fragilização da vigilância e do cuidado no SUS tem sido crítica, para pessoas e comunidades acometidas.

Objetivos
Caracterizar os indicadores epidemiológicos e operacionais de controle da hanseníase antes e durante o período da pandemia pela infecção por SARS-CoV-2 (Covid-19) em município do interior da Bahia, região Nordeste do Brasil, no período de 2017 a 2021.

Metodologia
Trata-se de estudo transversal, a partir da análise de casos de hanseníase notificados no SINAN e acompanhados em serviço de referência para a doença no município de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia, de 2017–2021. Os dados foram coletados diretamente em prontuários, incluindo variáveis sociodemográficas, operacionais e de recorrência da doença (mais de um caso em rede de convívio domiciliar). Foram avaliados como indicadores epidemiológicos: taxa de detecção (TX) geral em casos novos (CN) e em <15 anos de idade (por 100 mil hab.); e o indicador operacional: proporção de contatos examinados. A pesquisa teve aprovação pelo CEP da UFBA, campus Anísio Teixeira, protocolo número 2.644.039.

Resultados
Foram analisados 192 casos de hanseníase acompanhados pelo Centro de Referência; 82,8% (159) CN. A TX de detecção foi maior em 2018 (12,4/100 mil hab.) e menor em 2020 e 2021 (respectivamente, de 6,4 e 6,7/100 mil hab.). Já a taxa de detecção em < 15 anos foi de 5,3/100 mil hab. em 2017 e de zero em 2020 e 2021. Do total de CN, 26% (50) tiveram recorrência, em especial em 2020 e 2021 (45,5% e 47,8%, respectivamente). Verifica-se que em 2021 40,3% dos contatos registrados foram avaliados, e que em 2019 este percentual chegou a 84,7%. Entre os casos acompanhados, foram mais frequentes os multibacilares (84,4%; 162), residentes da zona urbana (74,8%; 119) e em áreas cobertas pela APS (62,3%; 99).

Conclusões/Considerações
A hanseníase persiste como desafio à saúde nessa região baiana. Reconhece-se queda expressiva na detecção de casos tanto na população geral quanto em crianças durante a pandemia, além de ampliação de sua recorrência em uma mesma rede de convívio social. Em conjunto, indicam piora na vigilância de contatos e limitação da busca ativa na população geral. Ressalta-se a importância de estratégias para maior integração entre atenção e vigilância no SUS.