Comunicação Coordenada

22/11/2022 - 08:30 - 10:00
CC1.4 - SAÚDE, AMBIENTE E SOCIEDADE: INTERFACES ENTRE A VIGILÂNCIA POPULAR E OS RISCOS AMBIENTAIS

42366 - CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA DA EXPOSIÇÃO MERCURIAL EM MULHERES DO BAIXO TAPAJÓS
CRISTIANO GONÇALVES MORAIS - PPGCSA/UFOPA, SANDRA LAYSE FERREIRA SARRAZIN - PPGCSA/UFOPA, HELOISA DO NASCIMENTO DE MOURA MENESES - PPGCSA/UFOPA


Apresentação/Introdução
O aumento de atividades antrópicas na região Amazônica tem instigado discussões relacionadas a exposição mercurial, devido os possíveis efeitos para a saúde da população que reside nesta região. Neste contexto, as mulheres, principalmente em idade fértil, formam um grupo de risco, visto as possíveis consequências de uma exposição durante a gestação para a saúde da mãe e do recém-nascido.

Objetivos
Caracterizar os aspectos clínicos relacionados à exposição mercurial em mulheres do Baixo Tapajós.

Metodologia
Trata-se de um estudo de campo, descritivo, de abordagem quantitativa. Este estudo foi realizado em comunidades da região do Baixo Tapajós (PA), no período de 2015 a 2019, contando com 327 participantes. Foram coletadas informações sobre idade, raça, etilismo, tabagismo, local de residência, assim como informações sobre sintomas ligados a exposição mercurial. Além disso, foi realizada a coleta de sangue, sendo adotado para fins de classificação de normalidade o limite de até 10 µg/L de Hg total no sangue. Para análise dos dados foi realizada a estatística descritiva com medidas de tendência central e de variância (Nº parecer CEP: 1.127.108).

Resultados
As mulheres apresentaram idade variando entre 18 a 85 anos, dos quais a maioria era considerada como idade fértil 67,3% (n=220). 50,8% (n=166) moravam na área de rios, 64,8% (n=212) se autodeclararam pardas, 22,9% (n=75) etilistas e 3,4 (n=11) tabagistas. Entre os 20 sintomas indicados pelas participantes expostas foram mais frequentes 28,7% dor de cabeça, 28,7% dores musculares e articulares, 23,5% diminuição da acuidade visual, 20,2% fadiga, enquanto que os sintomas que apresentaram os maiores níveis médios de concentração de mercúrio foram movimento anormal dos olhos com 61,1±66,9μg/L, frequência cardíaca alterada com 58,2±65,4μg/L, fadiga com 57,3±68,1μg/L e tremor com 56,4±72,1μg/L.

Conclusões/Considerações
Os resultados demonstram que a maioria das mulheres deste estudo estavam em idade fértil, considerada de risco no que se refere à exposição ao mercúrio. A descrição dos sintomas e os níveis altos de mercúrio no sangue, indicam a necessidade de se estabelecer na atenção básica medidas preventivas durante o período pré-natal, como forma de minimizar os efeitos da exposição durante a gestação.