22/11/2022 - 08:30 - 10:00 CC1.4 - SAÚDE, AMBIENTE E SOCIEDADE: INTERFACES ENTRE A VIGILÂNCIA POPULAR E OS RISCOS AMBIENTAIS |
40571 - PRESENÇA DE POLUENTES ORGANOCLORADOS NO LEITE HUMANO E SUA ASSOCIAÇÃO COM O EXCESSO DE PESO PRÉ-GESTACIONAL. ANA LORENA LIMA FERREIRA - UFRJ, AMANDA CAROLINE CUNHA FIGUEIREDO - UFRJ, MÔNICA ARAÚJO BATALHA - UFMA, SAMARY DA SILVA ROSA FREIRE - UFRJ, NATHALIA CRISTINA FREITAS-COSTA - UFRJ, MARINA PADILHA - UFRJ, NADYA HELENA ALVES SANTOS - UNIFESSPA, GILBERTO KAC - UFRJ
Apresentação/Introdução No século XX os poluentes organoclorados, como o diclorodifeniltricloroetano (DDT), foram muito utilizados como defensivos agrícolas. No Brasil, o DDT teve sua comercialização proibida em 1985, e sua importação e estoque em 2009. O DDT é lipofílico e por isso pode associar-se com o excesso de peso, pois acumula-se no tecido adiposo e é excretado em matrizes lipídicas como o leite materno.
Objetivos O objetivo do estudo foi identificar a concentração de DDT e do produto de sua degradação, o diclorodifenildicloroetileno (DDE), no leite materno, e associar o excesso de peso pré-gestacional materno com essas concentrações no leite.
Metodologia Uma coorte com 81 mulheres foi acompanhada do terceiro trimestre gestacional ao pós-parto. Na linha de base, coletou-se a idade, o nível sérico de colesterol total (CT) e estimou-se a presença de excesso de peso pré-gestacional (IMC-PG ≥25 kg/m²). A coleta de leite materno ocorreu entre 2-8; 28-50 e 88-119 dias. As concentrações de DDT e DDE no leite foram analisadas por cromatografia gasosa com espectrometria de massa. Para a diferença das concentrações de poluentes no tempo utilizou-se o teste Kruskal Wallis, e para as associações do IMC-PG com a presença ou ausência de DDT e a concentração de DDE, foram utilizadas regressões logísticas e lineares, ajustadas para idade e nível de CT.
Resultados As participantes apresentaram 46% de prevalência de excesso de peso pré-gestacional. O DDT foi detectado em 57% das amostras de leite materno (Mediana=16,9 pg/mL), e o DDE em 99% (Mediana=769 pg/mL). Não foram observadas diferenças nas concentrações de DDT e DDE nos diferentes tempos. Mulheres com IMC-PG ≥25 kg/m² tiveram três vezes mais chance de ter a presença de DDT no leite materno comparadas com as que não tinham (OR: 3,0; IC95%: 1,13-8,33; p=0,030). Além disso, participantes com IMC-PG ≥25 kg/m² apresentaram as concentrações de DDE no leite materno 3747,2 pg/mL maior comparadas com as que não tinham (β: 3747,2; IC95%: -80,3-7574,9; p=0,055).
Conclusões/Considerações A utilização e armazenamento de DDT estão proibidos no Brasil desde 2009, no entanto, observou-se que ainda há a presença deste poluente e do produto de sua degradação (DDE) no leite materno da maioria das participantes do presente estudo. E que o excesso de peso pré-gestacional foi associado à presença de DDT e a maiores concentrações de DDE no leite materno.
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