Comunicação Coordenada

21/11/2022 - 13:10 - 14:40
CC1.1 - SAÚDE, AMBIENTE E SOCIEDADE: INTERFACES COM A POPULAÇÃO INDÍGENA

41061 - IDENTIDADES, MEMÓRIAS E PRÁTICAS DE CUIDADOS EM SAÚDE: OS DESAFIOS ATUAIS NA DEFESA DO DIREITO À SAÚDE E DA VIDA EM TERRITÓRIOS INDÍGENAS NO SERTÃO DO CEARÁ
VANIRA MATOS PESSOA - FIOCRUZ CEARÁ, MARIA DAS GRAÇAS VIANA BEZERRA - SMS DE EUSÉBIO E FIOCRUZ CEARÁ, FERNANDO FERREIRA CARNEIRO - FIOCRUZ CEARÁ, FLORA VIANA ELIZEU DA SILVA - FIOCRUZ CEARÁ, IARA VANESSA FRAGA DE SANTANA - MAM E FIOCRUZ CEARÁ, ALISSAN KARINE LIMA MARTINS - URCA E FIOCRUZ CEARÁ, ANA CLÁUDIA DE ARAÚJO TEIXEIRA - FIOCRUZ CEARÁ, TERESINHA PEREIRA DA SILVA - MOVIMENTO POTYGATAPUIA, LUISA NASCIMENTO DE MELO - MOVIMENTO TABAJARA SERRA DAS MATAS, ELVIS DE MELO SILVA - MOVIMENTO TABAJARA SERRA DAS MATAS


Apresentação/Introdução
Os povos indígenas no semiárido do Ceará, convivem com o mito da não existência desses povos e desafios diários na afirmação identitária, resgate da memória e cultura. Adiciona-se a luta pelo reconhecimento dos saberes, práticas de cuidado destes povos, como central para a garantia do direito à saúde, por meio do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena do Sistema Único de Saúde (SasiSUS).

Objetivos
Compreender os desafios vivenciados pelos povos indígenas dos Movimentos Potygatapuia e Tabajara Serra das Matas na garantia do direito à saúde, com a finalidade de fortalecer e contribuir na melhoria do SasiSUS em municípios dos Sertões do Ceará.

Metodologia
Trata-se de uma pesquisa-ação com 110 participantes indígenas dos Movimentos Potygatapuia e Tabajara Serra das Matas de 34 aldeias rurais no Ceará: lideranças, pajés, caciques, raizeiros, rezadeiras, estudantes, profissionais da educação e saúde. A pesquisa de campo foi realizada de junho de 2021 a março de 2022 sendo: quatro rodas de conversas online com uso da plataforma zoom síncronas e 22 rodas de conversas presenciais nas Aldeias; nove visitas a quintais com plantas medicinais e quatro visitas a lugares sagrados. A pesquisa respeitou todos os aspectos éticos, conforme parecer consubstanciado nº 5.148.775 e as atividades respeitaram os aspectos de biossegurança relacionados a Covid-19.

Resultados
Os resultados demonstraram dificuldades na convivência com o semiárido, escassez de água potável, falta de gestão de resíduos sólidos e de transporte para agentes indígenas de saúde e saneamento. Em relação ao SUS: barreiras de acesso à atenção secundária e terciária, poucas ações de promoção da saúde na atenção primária a saúde (APS), prioridade das equipes no cumprimento de metas assistenciais, linguagem técnica dos profissionais com baixa resolutividade do cuidado e desvalorização das práticas e saberes tradicionais. É sabido que a pandemia da Covid-19 impulsionou os serviços de saúde a priorizarem as demandas dessa doença, o que pode ter comprometido as ações de promoção da saúde.

Conclusões/Considerações
Os povos indígenas reforçaram a necessidade de fortalecer as práticas de cuidado tradicional, promover troca de experiências, registrar e sistematizar saberes, resgatar a cultura. Melhorar a comunicação entre as equipes e lideranças indígenas no sentido do acolhimento das suas demandas, respeitar as suas falas sobre o que é prioridade para promover a saúde, prevenir e tratar as doenças, considerando o diálogo entre ciência e a cultura indígena.