Sessão Assíncrona


SA3.39 - DESAFIOS DO ENFRENTAMENTO DA VIOLENCIA (TODOS OS DIAS)

42829 - LUTANDO PELO SUS: APRIMORANDO A RESPOSTA DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE AOS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER
ANA FLÁVIA LUCAS PIRES D’OLIVEIRA - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, STEPHANIE PEREIRA - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, NAYARA PORTILHO LIMA - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, BEATRIZ DINIZ KALICHMAN - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, CECÍLIA GUIDA VIEIRA GRAGLIA - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, JANAÍNA MARQUES DE AGUIAR - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, MARINA SILVA DOS REIS - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, YURI NISHIJIMA AZEREDO - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, LILIA BLIMA SCHRAIBER - FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO


Apresentação/Introdução
A violência doméstica contra as mulheres (VDCM) é um problema de saúde pública de alta magnitude, afetando cerca de 50% das usuárias dos serviços de atenção primária à saúde (APS). Documentos de políticas públicas brasileiras e entidades internacionais recomendam a identificação, cuidado e referenciamento dos casos de VDCM, mas há grandes dificuldades para sua efetivação em todo o mundo.

Objetivos
O objetivo deste trabalho é descrever a implementação de uma intervenção para aprimorar a resposta da APS à VDCM e avaliar mudanças na identificação dos casos, nas intervenções assistenciais e nos encaminhamentos para serviços da rede intersetorial.

Metodologia
Avaliação do antes e depois de uma intervenção. Participaram da pesquisa 8 Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade de São Paulo. A intervenção consistiu em: proposta de fluxo assistencial; treinamento; distribuição de material educativo; supervisão de casos. A produção de dados incluiu (2019-2021): 85 entrevistas semi-estruturadas com trabalhadores antes e após intervenção; registro de frequência nos treinamentos; notificações dos casos à vigilância epidemiológica antes e após a intervenção; diários de campo das sessões de supervisão. A análise foi de conteúdo e descritiva com cálculo de taxas e proporções. Triangulando os dados, analisamos a implementação em cada UBS e depois no conjunto.

Resultados
A implementação da intervenção não foi homogênea entre UBS, sendo identificados como barreiras: falta e rotatividade de recursos humanos; diferente priorização da questão pelos gerentes e pelas Organizações Sociais de Saúde (OSS); expectativas irreais quanto à resolução dos casos de VDCM; medo e falta de tempo; e os desafios impostos pela pandemia. Contribuíram para a boa implementação da intervenção: trabalho em equipe; experiências anteriores de VDCM; princípios do SUS e compromisso de profissionais militantes. A identificação dos casos aumentou de 81 para 144 no ano após a intervenção. Houve diminuição de atitudes julgadoras da mulher e mais decisões assistenciais com ela compartilhadas.

Conclusões/Considerações
A intervenção contribuiu para a maior visibilidade da VDCM e para um cuidado mais centrado na mulher. Os achados sugerem que a gestão da APS em SP traz obstáculos para o atendimento a casos de VDCM e para o cuidado integral. Questões médico-sociais, como a VDCM, não são incluídas no contrato entre prefeitura e OSS. O cuidado dos casos mostra-se centrado em profissionais militantes, sugerindo que a intervenção seja pouco sustentável a longo prazo.